domingo, 17 de abril de 2011

A Europa na crise de 2008 – governos de direita em situações extremas

Como tudo começou

Tudo começou em 2001, com o estouro da bolha da Internet. Alan Greenspan, o então presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), orientou os investimentos para o mercado imobiliário, com o intuito de preservar os investidores norte-americanos. Por meio de uma política de baixos juros e de redução dos encargos financeiros, ele encorajou os intermediários financeiros e imobiliários a estimular uma clientela cada vez maior a investir em imóveis. Instaurou-se assim o sistema dos subprimes, empréstimos hipotecários de risco e taxa variável oferecidos às famílias mais frágeis. Mas, em 2005, ao aumentar as taxas de juros (estas mesmas que havia reduzido), o Fed provocou um efeito dominó que, a partir de agosto 2007, afetou o sistema bancário internacional.

A ameaça de insolvência de cerca de três milhões de famílias, com dívidas de mais de 200 bilhões de euros, ocasionou a falência de grandes estabelecimentos de crédito. Para se precaver contra tal risco, estes haviam vendido uma parte de seus créditos duvidosos para outros bancos, os quais os cederam a fundos de investimentos especulativos, que, por sua vez, disseminaram-nos pelos bancos do mundo inteiro. Resultado: tal como uma epidemia , a crise atingiu o conjunto do sistema bancário.

Apesar de a crise ter se iniciado nos EUA, a Europa foi das regiões mais atingidas por ser onde o setor econômico predominante é o de serviços, e serviços financeiros. Some-se a isso o problema fiscal, que é o gasto público superior à arrecadação dos impostos, e pronto: tem-se aí a crise financeira europeia.

Os países mais atingidos pela crise foram Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha, os mais dependentes, com maior problema fiscal e maior déficit orçamentário diante do tamanho de suas economias. Por não possuírem sobras de recursos, repelem investidores e entram numa situação cada vez mais complicada. Os reflexos já podem ser observados no aumento da taxa de desemprego (especialmente em Portugal), desvalorização do euro e queda nas vendas de bens de valor, como automóveis.

Reação dos governos europeus

Desde a explosão da crise econômica mundial, a União Europeia adotou medidas para a contenção e manutenção dos efeitos provocados por ela, principalmente nos países mais atingidos. Taxas de juros têm sido controladas por grupos de economistas responsáveis pelas finanças da Zona do Euro (que reúne 15 países), e os representantes de 27 países do bloco europeu querem que a resposta à crise inclua aceleração das reformas estruturais, medidas fiscais recusadas e apoio a população com maior dificuldade.

Alguns dos cortes de emergência feitos preocuparam setores de educação e saúde, como afirma o relatório de Edite Estrela:

"A crise econômica e financeira e as medidas de austeridade adotadas pelos Estados-Membros, em particular ao nível da oferta, podem levar à redução do financiamento da saúde pública e dos serviços de saúde e da promoção da saúde, da prevenção da doença e dos cuidados de saúde de longo prazo, devido aos cortes orçamentais e à redução das receitas fiscais, podendo, simultaneamente, aumentar a procura de serviços de saúde e de serviços de saúde de longo prazo, devido a uma combinação de fatores que contribuem para a deterioração do estado de saúde da população em geral"

[Em http://www.europarl.europa.eu/pt/pressroom/content/20110308IPR15026/html/Sa%C3%BAde-eurodeputados-prop%C3%B5em-medidas-para-atenuar-impacto-da-crise-econ%C3%B3mica – Acesso em 16/04/2011]

Grupos formados principalmente por jovens realizaram manifestações por toda a Europa, contra certas medidas tomadas pela União Europeia, que por serem muito austeras, acabariam restringindo o comportamento do consumidor europeu e levando a um aumento no número de desempregados.

O governo espanhol anunciou em 2010 um pacote de medidas para favorecer o investimento econômico e o emprego, que vão favorecer especialmente as 'pymes', pequenas e médias empresas muito afetadas pela crise. O subsídio por desemprego de 426 euros aprovado durante a crise para aqueles que esgotaram a possibilidade de receber o seguro-desemprego, que tem duração máxima de dois anos, não estará mais em vigor, segundo o premier e também faz parte do plano do governo a privatização 30% das Loterias do Estado, de 49% da Aeropuertos Españoles y Navegación Aérea (Aena) e de 100% da gestão dos aeroportos de Barcelona-El Prat e de Madri-Barajas.

Situação atual

A situação econômica na Europa, atualmente, ainda é preocupante já que as conseqüências da crise estão longe de se esgotar. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou em dezembro de 2010 que “o futuro é mais incerto do que nunca”. É necessário que os países europeus melhorem suas medidas governamentais para evitar que a Eurozona tenha um crescimento lento e difícil. Entretanto, o diretor afirmou que o euro não corre perigo.

Atualmente, a verba dos países europeus é usada em sua maioria para a poupança e não para os gastos, tendo como objetivo emergir da crise. Alguns países, em especial a Grécia e a Irlanda, ainda passam por sérias dificuldades econômicas, necessitando ajuda do FMI e se tornando devedores de Portugal, Espanha e Itália. A taxa de desemprego nesses dois países ainda é alta (acima de 15%) e sua estrutura econômica não é como a de países mais desenvolvidos como Alemanha, França e Reino Unido, o que mostra que podem não sair dessa situação tão cedo.

Devido à adesão ao Euro, os países abriram mão do controle sobre a emissão da sua própria moeda que é emitida e controlada pelo Banco Central Europeu (BCE), deixando-os sem muitas alternativas a não ser reduzir as despesas do governo e aumentar as receitas, sinônimo de aumento nos impostos e redução do gasto publico. Calote, ou se preferir moratória, nem pensar, pois isso acabaria com a credibilidade do Euro e da União Européia, ou seja, a dívida pública deve ser paga e o único jeito é mais impostos e menos gastos do governo.[1]

Portugal foi o país que apresentou um dos melhores resultados desde o início do ano de 2011. A economia portuguesa conseguiu se aproximar da zona de crescimento média do euro (1,9%), impulsionada por um crescimento das exportações e redução das importações. Na Itália, a economia cresceu 1,3% durante o ano de 2010, mas desacelerou no início de 2011. Na Espanha o crescimento foi quase insignificante, mas sua economia é mais forte que a portuguesa e acredita-se que deve voltar a crescer em ritmo mais acelerado ao longo deste ano.

A xenofobia se tornou mais intensa pela Europa, e ainda hoje é um fator crescente. Devido ao aumento do desemprego, os mais extremistas passaram a culpar os imigrantes, que são mão-de-obra barata e, portanto, estão, a seu ver, ocupando as vagas de emprego dos europeus.

Em resumo, a Europa ainda está se recuperando da crise, e há muito o que fazer para que a economia atinja um nível de crescimento a ser considerado próspero. Os governos dos países da UE buscam alternativas para direcionar a verba de forma que as conseqüências da crise sejam minimizadas sem que haja grandes prejuízos na dívida pública.

Bibliografia consultada

http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=133

http://veja.abril.com.br/perguntas-respostas/crise-europa.shtml

http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=133

http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=706

http://diplomatique.uol.com.br/acervo.php?id=2071&tipo=acervo

http://www.unric.org/pt/actualidade/28078-medidas-para-enfrentar-crise-economica-tomadas-pelos-governos-do-g20-salvaram-21-milhoes-de-empregos

http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/12/espanha-anuncia-novas-medidas-contra-crise-economica.html

http://www.europarl.europa.eu/pt/headlines/content/20110324FCS16438/7/html/Eurodeputados-consideram-medidas-anti-crise-insuficientes

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2010/12/08/situacao-economica-da-europa-e-muito-preocupante-diz-strauss-kahn.jhtm
http://irlandanareal.blogspot.com/2011/01/atual-situacao-da-europa-e-da-irlanda.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Crisis_econ%C3%B3mica_de_2008-2011
http://isabe.ionline.pt/conteudo/842-a-situacao-economica-da-europa



[1] Em http://irlandanareal.blogspot.com/2011/01/atual-situacao-da-europa-e-da-irlanda.html

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